terça-feira, 6 de agosto de 2013

Saudade!


 
 
Saudade? Sinto de quem partiu para nunca mais voltar. E só quem a sente a conhece verdadeiramente...
 
Temos de partir todos, um dia, eu sei! Mas foi difícil, muito difícil, aceitar a sua partida assim tão repentina, ainda tão novo.  Mais novo do que eu, o que prova que a idade é apenas e só um número. Pela ordem natural dos factos, teria sido eu a partir, ou a nossa mãe... que tão estoicamente sobreviveu a esta tão dura prova. 
 
Quis Deus??, ou a vida, que assim acontecesse, num dia 5 de Agosto, e nós, volvidos 12 anos, continuamos a nossa luta diária com este vazio nos nossos corações.
 
Garanto que se a saudade matasse - não mata mesmo! - eu já teria partido!
 
Descansa em paz, MANO! De ti guardo muitas e gratas lembranças! Obrigada pelo extraordinário ser humano que sempre foste! 
 
Saudade 
 
 O que será... não sei... procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.

Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.

Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.

Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...
Pablo Neruda, in "Crepusculário"

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