segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Rain...


Chove. Há Silêncio

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"


O sol deixou-se apagar, o Verão deu lugar ao Outono, as nuvens instalaram-se no horizonte. Os dias - o de ontem e o de hoje - ficaram escuros e nostálgicos. A chuva apareceu e continua a cair de mansinho, quase sem se notar. São dias silenciosos que podem gerar tristeza aos mais vulneráveis e tristes.

Mas... é preciso acreditar que nenhuma tristeza é eterna, que depois do mau tempo vem a bonança  e que amanhã será outro dia, porventura um dia cheio  de  sol - radioso - e de boas surpresas.






Sem comentários:

Enviar um comentário